Você acorda cansada, tem dor de cabeça quase todo dia, vive no piloto automático e sente que precisa se provar o tempo todo? Pode ser mais do que estresse. Pode ser burnout — e, se você é mulher, a chance de estar nesse grupo é alarmante.
Neste maio, Mês da Saúde da Mulher, o alerta é mais urgente do que nunca: em 2024, o burnout feminino atingiu seu maior nível já registrado. Dados do Ministério da Previdência Social mostram que 63,8% dos afastamentos por transtornos mentais no Brasil foram de mulheres.
A síndrome do esgotamento profissional, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem rosto, nome e uma rotina sobrecarregada.

E não é só o volume de tarefas — é o desequilíbrio estrutural. É a cultura da exaustão sendo tratada como mérito. É o esforço extra feminino sendo invisibilizado em reuniões e avaliações de desempenho.
“Empresas que não entendem a relação entre gênero e saúde mental correm o risco de perder seus melhores talentos”, alerta Vera Lúcia Silva, especialista em saúde integrativa, esteticista ortomolecular e proprietária da Clínica Vida + Odontologia Avançada e Estética (@vidamais_avancada).

Além do esgotamento, o corpo começa a dar sinais. Um dos mais silenciosos — mas cada vez mais frequente — é o bruxismo: o ato involuntário de apertar ou ranger os dentes, geralmente durante o sono. Parece um detalhe? Não é.
“Nos consultórios, vemos um crescimento expressivo de mulheres com dores na mandíbula, cefaleia constante e desgaste dental. O bruxismo é uma resposta física ao esgotamento emocional”, explica Edinei Dias da Silva, cirurgião-dentista graduado pela Unicamp e também proprietário da Clínica Vida + Odontologia Avançada e Estética.
Quando o burnout sai da mente e atinge o corpo
Fique atenta aos sinais mais comuns:
• Dores de cabeça e tensão muscular
• Estalos, dores ou travamentos na mandíbula
• Dentes desgastados, trincados ou com sensibilidade
• Insônia, sono fragmentado e cansaço constante
• Queda na imunidade e alterações hormonais
• Irritabilidade, desânimo e falta de foco
O burnout feminino não é fraqueza — é reflexo de um sistema que exige demais e reconhece de menos. Mais do que autocuidado, é preciso mudança cultural.

“Negligenciar a desigualdade de carga mental e os vieses de gênero compromete o bem-estar das colaboradoras — e também a produtividade da empresa como um todo”, reforça Vera Lúcia Silva.
Neste Mês da Saúde da Mulher, o recado é claro: saúde mental também é saúde feminina. E cuidar de si não é luxo, nem egoísmo — é um ato de força e de consciência.
Daniela Nucci é jornalista – [email protected]