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Home Campinas - 248 Anos

Egas Francisco: o amor, a mágoa e a aflição do artista

Artista abriu o coração, falou de seu amor por Campinas, que o adotou aos 7 anos de idade

Francisco Lima Neto Por Francisco Lima Neto
9 de julho de 2022
em Campinas - 248 Anos
Tempo de leitura: 7 mins
A A
Egas Francisco: o amor, a mágoa e a aflição do artista

Foto: Leandro Ferreira/Hora Campinas

Egas Francisco, pintor, desenhista, cenógrafo e professor, é um artista dos mais renomados, reconhecido internacionalmente, talvez mais fora do que dentro do país. Mesmo com um acervo respeitável, de mais de 500 obras, ele segue incansável, em meio às telas, tintas e pincéis. A vontade de se expressar pulsa praticamente na mesma intensidade do coração.

Egas recebeu a reportagem do Hora Campinas na tarde de terça-feira (5). A vitrola tocava um disco de vinil do regente e compositor checo-austríaco Gustav Mahler (1860-1911). A música clássica preenchia todo o ambiente, um amplo ateliê de pé direito alto, com dezenas de tintas, pincéis, e outros órios. Telas espalhadas por todos os lados dão vida e significado ao espaço, que também é a casa do artista.

É quase impossível manter o olhar fixado por muito tempo, é naturalmente atraído para todos os lados, para aquele caos criativo, para cada uma de suas obras. Ainda que não se entenda de arte é impossível ar incólume por elas. Aliás, ela não precisa ser entendida, basta senti-la, se deixar ser tocado por cada tela. Há uma provocação, um desespero, um sentido de urgência, uma eterna disputa entre a vida e a morte retratada em cada uma delas, que parece ser impressas em nosso peito, naquele ambiente.

 

Foto: Leandro Ferreira/Hora Campinas

Na conversa, o artista abriu o coração, falou de seu amor por Campinas, que o adotou, quando chegou por aqui, aos 7 anos de idade, da mágoa pela falta de reconhecimento de parte da sociedade e pela possibilidade do esquecimento quando de sua partida. Mas o que realmente aflige Egas, que está com 83 anos, é o que será feito de sua extensa obra.

A entrevista completa você confere a partir de agora:

Hora Campinas: Egas, qual a sua origem?

Egas Francisco: Eu nasci em São Paulo. Meus pais vieram da Bahia, de Salvador, se casaram em São Paulo, onde morava a minha avó materna, e foram morar em Lins. Depois de Lins, quando eu tinha 7 anos de idade, nós mudamos para Campinas. Eu fui adotado pela cidade de Campinas, Campinas é minha terra de adoção, eu fui criado em Campinas.

Como a arte chegou na sua vida?

Minha mãe fez pintura, fez Escola de Belas Artes de Salvador, na Bahia. Eu, desde criança, com 6 ou 7 anos, já pintava e desenhava muito, e minha mãe me incentivou muito durante toda a minha existência. Eu acho que ela, antes de tudo, é a primeira pessoa responsável pela minha entrega às pinturas, às artes plásticas. Quando eu tinha 10 ou 11 anos, minha mãe chegou junto de mim com um livro e falou ‘olha meu querido, meu filho, este daqui é Vincent van Gogh’. Meu pai era médico, naquele tempo os médicos eram pobres, nós éramos muitos, 9 irmãos, e eu sou um dos primeiros dessa prole. Nós fomos criados por um pai e uma mãe que sempre priorizaram a leitura, o conhecimento. O maior rival da minha mãe era a biblioteca do meu pai.

 

Foto: Leandro Ferreira/Hora Campinas

Como você define a sua arte?

Eu acho que a arte em si é indefinível. É uma procura permanente, uma procura eterna. Isso que é a grande vantagem da arte, ela sempre está fresca, pronta para uma ebulição. O meu trabalho sempre surgiu de uma maneira absolutamente espontânea, apesar de ser fruto também de muita reflexão.

O que te motiva?

A vida. O que motiva o meu trabalho é a vida e a morte. A vida e a morte os meus temas, são sempre esses. Eu nunca versei sobre outros assuntos, muito raramente, porque se você for observar bem de perto você vê que eu estou tratando da vida ou estou tratando da morte, mas com muito mais frequência, da vida.

Você viveu várias gerações, vários ciclos da arte aqui na nossa cidade. O que você sente falta e o que você gostaria que acontecesse com a arte campineira?

Não existe arte campineira. Até pode-se dizer que, talvez, exista alguma arte paulistana, mas eu acredito que não. Eu acho que a arte não depende dessas classificações. A arte puramente é a arte, ela tem antes de tudo um caráter universal. Eu entendi sua pergunta.

Na verdade, você quer saber o que eu acho do que acontece com a arte em Campinas. Aqui em Campinas a arte é relegada a um plano de inferioridade. Não existe um culto à arte em Campinas, absolutamente. Os artistas campineiros são verdadeiros heróis.

 

Foto: Leandro Ferreira/Hora Campinas

 

Campinas ficou conhecida por ser uma cidade de intelectuais, de amantes das artes. Você concorda?

Não é. Carlos Gomes, por exemplo, demorou muito para ser reconhecido em Campinas. Em vida jamais Carlos Gomes foi reconhecido. Campinas não tem histórico de patrocínio em relação à arte, absolutamente. Ela tem um histórico duvidoso em relação à arte. Os artistas de Campinas lutam com muita dificuldade. A cidade é muito rica, mas as pessoas que têm poder aquisitivo em Campinas preferem sair, ir para São Paulo e comprar coisas, às vezes medíocres, em vez de adquirir quadros de artistas campineiros.

Como reverter essa lógica? O que você espera?

Eu esperei muito tempo. Não só esperei como eu trabalhei para que houvesse uma reversão, para que mudasse esse quadro, mas infelizmente isso não ocorreu. Em Campinas há artistas maravilhosos. Recentemente, faleceu uma das maiores artistas de Campinas, a cantora Niza de Castro Tank, maior soprano lírico do Brasil, uma verdadeira deusa da música brasileira, que fez sucesso na Rússia, fez sucesso na Alemanha, na Europa inteira, e que vivia em Campinas. Era considerada, respeitada, mas não era cultuada como deveria ser. Então, é de se esperar que com o decorrer dos anos desapareça a imagem dessa pessoa maravilhosa. Isso aconteceu com muita gente. Se eu pensar que o Geraldo Mayer Jürgensen, por exemplo, um grande arquiteto, excelente escultor, cenógrafo inesquecível, premiado na Bienal de São Paulo, esse cara hoje em dia, em Campinas, ninguém sabe quem é.

Logo mais, eles terão esquecido até artistas como Thomaz Perina, nosso querido, amado Thomaz. Então, eu também não tenho ilusão, eu acho que a hora que eu fechar os olhos, eles me fecham, me trancam dentro de um armário e me esquecem para sempre.

 

Foto: Leandro Ferreira/Hora Campinas

Esse prognóstico te magoa?

Não, mas me decepciona. Magoa, magoa sim. Eu falo que eu amo mais Campinas do que Campinas a mim. Agora, alguns setores da cidade eu não posso me queixar. Por exemplo, a imprensa de Campinas sempre me deu muita cobertura, sempre me valorizou e eu tenho muita gratidão por isso. Mas, as classes privilegiadas da cidade, nem sempre.

Falta uma educação cultural? Teatros demolidos ou fechados para reformas intermináveis também atrapalham para que a arte seja mais proeminente em Campinas?

Claro, se eles anulam os espaços onde a arte pode se manifestar ela fica sem teto. É muito difícil para os artistas contemporâneos de Campinas sobreviverem diante de um pensamento tão retrógrado da sociedade.

Voce é um remanescente da nossa cidade, da nossa cultura, já fez parceria com Hilda Hilst, trabalhou com Mercedes Sosa. Nos conte um pouco desse métier.

Eu convivi com os artistas de Campinas, eu faço parte desse grupo. A Hilda Hilst, por exemplo, eu conheci no começo dos anos 70. Conheci a Hilda ainda muito jovem, era uma mulher fascinante, eu sempre tive muito apreço e muita iração por ela porque, sem dúvida alguma, trata-se de um dos expoentes da literatura brasileira. Através da Hilda eu conheci a Lygia Fagundes Telles, conheci a Clarice Lispector. Mas eu, sobretudo, convivi mesmo com a Hilda. A Mercedes Sosa foi grande amiga minha, amiga mesmo, de dividirmos a cama, de nos hospedarmos no mesmo hotel, de ela telefonar para mim, ela encerrar o show no Rio de Janeiro e no encerramento comemorar só comigo e com Everson Monaze, que é um restaurador de grande valor. Só nós dois comemorando com aquela divindade que era a Mercedes Sosa, a voz das Américas.

Voltando aos artistas de Campinas, eu convivi com artistas de grande valor que Campinas teve e tem. Existe um pianista chamado Régis Gomide Costa, ele é um dos maiores pianistas que o Brasil já viu, ele é um pianista magnífico, e merecia ter muito mais prestígio do que ele tem. Não prestígio dentro da província, mas um prestígio nacional e internacional porque é um dos maiores pianistas brasileiros.

Nós tivemos aqui o Fernando Lopes que chegou a ser considerado o maior pianista do Brasil, mas é assim mesmo, a fama agora é cada vez mais fugaz, isso está acontecendo não só em Campinas, está acontecendo no mundo inteiro, a fama é cada vez mais etérea, desaparece com a maior facilidade.

 

 

Campinas tá completando 248 anos…

É uma cidade brilhante, Campinas é uma cidade que pode comemorar o aniversário com dignidade porque é uma cidade progressista, uma cidade muito boa de se morar, mas eu não posso deixar de observar os prós e os contras.

O que você gostaria que acontecesse para a cidade nos próximos anos?

Campinas vem evoluindo, ela é menos preconceituosa do que foi 20 anos atrás. Eu espero que ela não seja menos preconceituosa, que ela esteja livre de uma vez por todas de qualquer tipo de preconceito. É isso que eu desejo para Campinas.

Você tem uma grande produção. O que espera para futuro dela?

Eu não sei, eu nunca sei responder essa pergunta. É uma coisa que me aflige muito. Eu não sei o que será de tudo o que é meu quando eu desaparecer. Isso aí eu não sei não sei mesmo. Isso me causa muita aflição, eu tenho uma obra relativamente grande, trabalhei durante toda a vida. Muitos trabalhos foram adquiridos, mas o número de trabalhos que são conservados por mim é muito grande e eu não tenho condição de preservá-los como deveria, então imagine no momento que eu desaparecer. Não constituí família. Minha família são os meus quadros. Mas, antes de tudo, eu tenho sobrinhos que eu amo loucamente e que me amam muito. Meus irmãos e meus sobrinhos que eu amo muito, não vivo sem eles.

 

Foto: Leandro Ferreira/Egas Francisco

Quando não está pintando o que você faz? Na cidade, por onde circula?

Antes eu saía mais. Eu saio quando eu tenho uma razão para isso. Eu vou ao teatro, eu vou ao cinema, eu vou ear na Lagoa do Taquaral que eu amo, eu vou circular, vou até a Barão Geraldo, gosto muito de Barão Geraldo. Eu eio pela cidade, Campinas é uma cidade linda, eu acho Campinas uma das cidades mais bonitas do Interior do estado. Mas sou um homem caseiro. Eu ouço música todos os dias, eu ouço música erudita, jazz, Música Popular Brasileira, ouço muitos concertos de piano, solos, eu adoro música de câmara. Jazz eu ouço quase todos os dias e a Música Popular Brasileira de grande qualidade que nós temos. Quem tem o Gilberto Gil não pode reclamar de nada.

Gostaria que você deixasse uma mensagem final.

Eu desejo que as pessoas amem a cidade de Campinas do jeito que ela merece para que ela também as ame na mesma proporção.

 

CONFIRA O ESPECIAL COMPLETO NO LINK ABAIXO

 

Campinas, 248 Anos

Tags: ArteCampinas - 248 anosculturaegas franciscoGente da HoraHora CampinasMemóriapintura
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Francisco Lima Neto

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