O Centro de Campinas foi tomado por cores, cantos e axé durante a tradicional Lavagem das Escadarias da Catedral Metropolitana na manhã deste sábado (19). A cerimônia, que neste ano completou 40 anos, reuniu cerca de 5 mil fiéis. O ritual acontece todos os anos no Sábado de Aleluia, véspera da Páscoa, e reafirma sua importância como um dos principais eventos religiosos, culturais e de resistência da metrópole.
A manifestação teve início por volta das 9h, com a chegada dos grupos religiosos e culturais à Estação Cultura.
De lá, o cortejo seguiu pela Rua 13 de Maio ao som de instrumentos, cânticos e danças até as escadarias da Catedral, onde foi realizada a lavagem simbólica em homenagem à Nossa Senhora da Conceição.
Criada em 1985 pelas religiosas Mametu Oyá Corajacy e Nengua Dango, do Candomblé Angola, a cerimônia foi oficializada no calendário municipal em 1998 e no estadual em 2005. Em 2022, foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas. Mais do que uma expressão de fé, a lavagem é um ato coletivo de preservação de saberes ancestrais e combate à intolerância religiosa e ao racismo.
“São 40 anos de história. Nada acontece sem gente. Todos foram importantes nessa caminhada. Hoje estamos aqui usando os nossos órios de fé e religiosidade com tranquilidade. Isso me traz gratidão. A lavagem é uma resistência”, declarou emocionada Mãe Dango, uma das idealizadoras do evento.
Mametu Corajacy também destacou a força espiritual do momento. “Agradeço à Imaculada Conceição pela força e pela fé. Agradecemos todos aqueles que nos ajudaram. Sem essa união, não somos nada.”
Presente no evento, o prefeito de Campinas, Dário Saadi, ressaltou a importância da cerimônia para a cidade.
“Quero parabenizar a todos que lutaram nesses 40 anos de resistência, enfrentando a intolerância religiosa, o racismo e todo tipo de preconceito. Que tenhamos muito mais 40 anos pela frente”, afirmou.
A secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli, e o diretor de Cultura, Gabriel Rai, também prestigiaram o evento.
A edição deste ano contou com recursos de emendas impositivas das vereadoras Guida Calixto e Paolla Miguel e reuniu terreiros, grupos culturais, artistas e comunidade em um grande ato de reverência, fé e celebração da cultura afro-brasileira.