“Campineiro: adjetivo; substantivo masculino de quem é ‘natural de’ ou ‘relativo’ a Campinas”. A definição do dicionário deixa claro que o título de campineiro vai para quem nasce aqui ou toma a cidade como sua a partir de estudos, trabalhos ou empreitadas. São muitos os campineiros de nascimento, de adoção ou de coração. O Hora enumerou 25 para ilustrar outras tantas personalidades que ajudaram a erguer a Campinas de 250 anos
Agnelo Rossi
Agnelo Rossi nasceu no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas, no dia 4 de maio de 1913, e faleceu em 1995. Foi um sacerdote católico brasileiro, décimo sexto bispo de São Paulo, sendo o quarto arcebispo e segundo cardeal. Brasileiro que mais alto subiu na hierarquia eclesiástica, foi considerado o maior expoente da Igreja do Brasil, chegando a ser cardeal-decano do Colégio Cardinalício. O golpe militar coincidiu com o o período em que o cardeal Agnelo Rossi foi reeleito à presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1968. Diante das circunstâncias, dom Agnelo Rossi assumiu posição decisiva na contestação da conjuntura do país. Ele chegou a recusar a Medalha da Ordem Nacional do Mérito, oferecida pelo então Presidente da República, Artur da Costa e Silva.
Antônio da Costa Santos
O que motivou o assassinato de Toninho? A Justiça brasileira definitivamente não tem a resposta. O inquérito policial que investigava a morte do ex-prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos foi arquivado em 2022 a pedido do Ministério Público (MP). Arquiteto, Toninho foi morto aos 49 anos após ser atingido por um disparo na artéria aorta quando saía do shopping Iguatemi e retornava para a casa, na noite de 10 de setembro de 2001. Ele havia sido eleito em 2000 e estava no poder há oito meses quando ocorreu o crime. Toninho teve uma vida marcada por grandes paixões. Seja na relação com os moradores das favelas, nas áreas periféricas, nos anos 70, em sua luta por moradia e serviços públicos de qualidade, ando por seu intenso trabalho de pesquisa acadêmica, onde estudou as raízes da cidade.
Barão de Jaguara
Antonio Pinheiro de Ulhôa Cintra (1837-1895), o Barão de Jaguara, entrou para a política levado por seu irmão, Delfino Cintra. Além de médico, foi deputado e presidente da província de São Paulo. Como chefe Executivo em Campinas, em 1889 decidiu alterar o nome da antiga Rua Direita para Rua Barão de Jaguara. Nessa época, a cidade sofreu com a epidemia de febre amarela e Barão de Jaguara concluiu os serviços de água e esgoto para minimizar os problemas causados pela doença. Ele morou no número 640 da rua que ganhou o seu nome. A Rua Barão de Jaguara foi palco da chegada da modernidade, sendo a primeira via a receber iluminação pública, telefone e energia elétrica.
Barreto Leme
Em 1774, a fundação da cidade de Campinas foi atribuída a Barreto Leme. Ele morou na rua que hoje leva seu nome. A via Barreto Leme pode ser considerada o berço da política de Campinas. Francisco Barreto Leme, que também era descendente de Pedro Álvares Cabral, nasceu em 1704. Veio para Campinas entre 1739 e 1744. Com sua chegada, a Freguesia de Campinas do Mato Grosso prosperou. Ao fundar a cidade, ou a seguir a tradição da família Cabral, ou seja, da expansão portuguesa nos séculos XV e XVI. A população foi crescendo junto com a economia e Barreto Leme continuou a trabalhar pelo desenvolvimento de Campinas. Ele doou o terreno para a construção da primeira igreja da cidade, onde hoje fica a Rua Luzitana.
Campos Sales
Manoel Ferraz de Campos Sales nasceu em Campinas em 13 de fevereiro de 1841. Foi advogado, jornalista, vereador da Câmara Municipal de Campinas. Participou ativamente da propaganda Republicana e foi deputado provincial, deputado geral, abolicionista, Ministro da Justiça do governo Provisório Republicano e Presidente da República no quatriênio 1898-1902, destacando-se como restaurador das finanças nacionais. Foi o quarto presidente do Brasil República.
Carlos Gomes
Carlos Gomes é o icônico maestro brasileiro que nasceu em Campinas. Seu legado e seu talento avançaram fronteiras e encontraram na Europa a sua plateia de maior iração. Primeiro compositor brasileiro a conquistar notoriedade internacional, Antonio Carlos Gomes nasceu em 11 de junho de 1836, em Campinas. Com seu pai, Manuel José Gomes, mestre de banda e pai de 26 filhos de quatro casamentos, aprendeu a tocar vários instrumentos, inclusive o piano, e aos 20 anos, ajudava no orçamento familiar dando aulas de música. Consagrado na Europa, viveu um momento de glória quando voltou ao Brasil para apresentar suas três óperas já famosas no Velho Continente – O Guarani, Salvator Rosa e Fosca– no Rio de Janeiro, em Salvador e no Recife. Foi recebido “como um príncipe e como um rei”, como escreveu Visconde de Taunay.
Cláudia Raia
Filha de Odette Motta Raia, pioneira no ensino de balé em Campinas, Claudia Raia iniciou sua carreira no teatro e na TV como bailarina. Começou no teatro musical em 1982 na versão brasileira da peça A Chorus Line. No ano seguinte despontou na televisão com sua personagem no programa Viva o Gordo. Em seguida, recebeu convite para a novela do horário nobre da TV Globo Roque Santeiro, pela qual ganhou popularidade e venceu o Prêmio APCA e o Troféu Imprensa. Em 1987 recebeu sua primeira personagem popular, a feirante Tancinha de Sassaricando. Cláudia atuou em mais de 30 produções na televisão.
Egas Francisco
Egas Francisco, pintor, desenhista, cenógrafo e professor, é um artista dos mais renomados, reconhecido internacionalmente, talvez mais fora do que dentro do país. Mesmo com um acervo respeitável, de mais de 500 obras, ele segue incansável, em meio às telas, tintas e pincéis. A vontade de se expressar pulsa praticamente na mesma intensidade do coração. Egas nasceu em São Paulo. Seus pais vieram de Salvador, se casaram em São Paulo, e foram morar em Lins. A família se mudou para Campinas quando Egas tinha 7 anos de idade. “Eu fui adotado pela cidade de Campinas, Campinas é minha terra de adoção, eu fui criado em Campinas”, disse, em entrevista ao Hora Campinas, em 2022.
Emil Rached
O ex-jogador de basquete e ator Emil Rached faleceu em 2009, aos 66 anos de idade. Foi o jogador de basquete mais alto do Brasil, com 2,20m de estatutra, e no Pan de 1971, em Cali, na Colômbia, o pivô conquistou a medalha de ouro. Ganhou fama na televisão depois que Renato Aragão o convidou para integrar a turma dos Trapalhões. Junto de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, Emil Rached também atuou nos filmes “O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão”, em 1977, e “Os Trapalhões na Guerra dos Planetas, no ano seguinte. Pela seleção brasileira de basquete ainda ganhou a medalha de bronze no Mundial de 1967, no Uruguai.
João César Bueno Bierrenbach
João César Bueno Bierrenbach nasceu em Campinas no dia 07 de abril de 1872. Foi professor do colégio “Culto à Ciência” e fundador e primeiro secretário do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas. Escreveu “Manifesto em favor da independência de Cuba” e ” Brasílio Machado” (estudo biográfico). Sua família foi pioneira no processo de industrialização da cidade de Campinas. A primeira fábrica de chapéus Bierrenbach e irmão foi inaugurada em 1857. Uma das características da empresa era o emprego de mão-de-obra escrava renumerada.
José Roberto Magalhães Teixeira
Conhecido por muitos como Grama, José Roberto Magalhães Teixeira nasceu em Andradas, em 18 de junho de 1937. Cursou odontologia na PUC-Campinas. Em 1966, ingressou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instaurado no país em abril de 1964. Em 1967 foi eleito vereador em Campinas. Teixeira foi vice-prefeito de Campinas na chapa de Francisco Amaral de 77 a 83. Nesta gestão, acumulou o cargo de secretário municipal da Cultura e assumiu a prefeitura interinamente de 1979 a 1981. Foi eleito suplente de senador na eleição de 1978. Em 1982, assumiu a prefeitura de Campinas. Em meados de 1988, fundou o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), criado por dissidentes do PMDB. Em outubro de 1992, elegeu-se prefeito de Campinas, logo no primeiro turno, recebendo 61% do total de votos válidos. Magalhães Teixeira morreu no dia 29 de fevereiro de 1996.
Francisco Amaral
Maia conhecido como Chico Amaral, foi eleito deputado estadual em 1962 e deputado federal por São Paulo em 1967, na primeira de suas seis legislaturas. Filiado ao MDB, elegeu-se prefeito de Campinas para o período de 1977 a 1982. Sua gestão procurou priorizar a periferia, com a construção de casas populares, escolas, creches e postos de saúde. Renunciou ao cargo em maio de 1982 para candidatar-se a deputado federal. Foi autor da lei que permite usar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a compra da casa própria. Chico Amaral retornou ao posto de prefeito de Campinas em 1997, pelo PPB.
Francisco Glicério
Francisco Glicério de Cerqueira Leite, conhecido como General Glicério, nasceu na Fazenda Pau d’alho em Campinas. Foi amigo de Campos Sales, Rangel Pestana, Prudente de Moraes e irmão de Jorge Miranda, com os quais compôs um dos mais importantes grupos propagandistas do ideário republicano. Participou da convenção de Itu, na qual foi fundado o Partido Republicano Paulista e com a proclamação da república tornou-se Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Foi o fundador do Partido Republicano Federalista – PRF – o primeiro partido de dimensão nacional na era republicana.
Giuseppe José Pancetti
O pintor modernista Giuseppe Gianinni Pancetti nasceu em Campinas no ano de 1902. Sua obra é composta principalmente por paisagens, retratos e marinhas. Filho de imigrantes italianos, aos 11 anos acompanhou a família no retorno à Itália por causa das dificuldades financeiras. Ingressou na Marinha Mercante italiana em 1919, mas logo em seguida retornou ao Brasil. Em 1933, integrou o Núcleo Bernardelli, grupo formado por jovens que lutavam pela reformulação do ensino artístico na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Orientado em pintura a óleo pelo artista polonês Bruno Lechowski (1887-1941), adquiriu técnica e amadurecimento artístico. É considerado um dos grandes paisagistas da pintura nacional.
Guilherme de Almeida
Guilherme de Andrade e Almeida nasceu em Campinas, em 24 de julho de 1890. Em 1912, concluiu o curso da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. A estreia literária de Guilherme de Almeida se deu em 1916, com Mon Coeur Balance e Leur Âme (teatro), peças escritas em colaboração com Oswald de Andrade. Seu primeiro livro de poemas foi Nós, em 1917. Em 1922, atuou decisivamente na realização da Semana de Arte Moderna, ao lado de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti e Menotti del Picchia, entre outros. Publicou 26 livros de poesia. Guilherme de Almeida foi o primeiro modernista a frequentar a Academia Brasileira de Letras. Em 1930, foi eleito para a cadeira de número 15.
Heitor Teixeira Penteado
Heitor Teixeira Penteado nasceu em Campinas e estudou no Ginásio Culto à Ciência. Formou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo e retornou a Campinas onde atuou como promotor público. Em 1911 foi eleito Prefeito de Campinas, exercendo a função até 1920, quando renunciou para se tornar Secretário de Agricultura, Comércio e Obras públicas do governo de Washington Luís. Coube a ele tornar a máxima do Presidente do Estado de que “governar é abrir Estradas”. Abriu diversas estradas de rodagem que unia São Paulo a Campinas, São Paulo a Itu e São Paulo a Santos. Foi deposto em outubro de 1930 pelas forças leais a Vargas.
Hércules Florence
Hercules Florence nasceu em Nice, na França, em 1804. Desembarcou em 1824 no Rio de Janeiro, com apenas 20 anos de idade. Foi contratado como desenhista da Expedição Langsdorff, missão científica que percorreu o interior do Brasil de 1825 a 1829 e que realizou, no século XIX, monumental levantamento de dados geográficos e etnográficos do país. Ao final da expedição, radicou-se na vila de São Carlos (hoje Campinas), onde viveu até seu falecimento em 1879. Hercule Florence inventou um dos primeiros métodos de fotografia do mundo.
Hilda Hilst
A escritora Hilda Hilst viveu por 35 anos em Campinas, onde construiu seu retiro artístico. Foi na Casa do Sol que Hilda escreveu algumas de suas principais obras. Poeta, ficcionista, cronista e dramaturga, além de formada em direito pela USP, é considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX. A senhora D é uma de suas obras mais famosas, dentro os 40 títulos que escreveu ao longo da vida. Outra obra conhecida é Júbilo, memória, noviciado da paixão. Hilda faleceu em 4 de fevereiro de 2004, em Campinas. A Casa do Sol é hoje um patrimônio cultural tombado, istrado pelo Instituto que leva o seu nome
Luciano do Valle
Campineiro, nascido no dia 4 de julho de 1947, Luciano do Valle morreu aos 66 anos, vítima de um infarto sofrido dentro da aeronave que o transportava de Congonhas para Uberlândia, palco da partida que transmitiria no dia seguinte, em 19 de abril de 2014. A morte súbita aconteceu apenas um ano após o locutor completar 50 anos de carreira, e a menos de dois meses do início da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Ao todo, Luciano do Valle cobriu 10 edições de Copa do Mundo e também uma dezena de Jogos Olímpicos, entre outros grandes eventos esportivos, primeiro no rádio e depois na televisão.
Miguel Vicenti Cury
Nascido em Campinas, em 1 de janeiro de 1898, Miguel Vicente Cury era filho do fundador da Chapéus Cury. Ocupou por duas vezes o posto de prefeito de Campinas, de 1948 a 1951 e de 1960 a 1963. Em maio de 1951, último ano de seu primeiro mandato, renunciou à prefeitura para candidatar-se a vereador por Campinas, sendo eleito para a legislatura de 1952 a 1955. Implementou melhorias importantes na infra-estrutura da cidade, pavimentação de diversas vias e a implantação de conjuntos habitacionais para a baixa renda (em conjunto com o IAPI e a Caixa dos Ferroviários). Instalou parques, o principal deles o Parque Portugal (Lagoa do Taquaral).
Orozimbo Maia
Membro do Partido Republicano Paulista, foi vereador e prefeito de Campinas durante três mandatos. Como prefeito incentivou um plano de urbanismo e demonstrou grande preocupação em controlar o crescimento da cidade e, ao mesmo tempo, proporcionar sua modernização. Considerado um homem avançado em seu tempo, foi o primeiro a instalar luz elétrica em sua residência, situada no cruzamento da Rua General Osório x Rua Luzitâna. Entre suas obras destaca-se o Mercado Municipal.
Orestes Quércia
Nascido na cidade de Pedregulho, foi em Campinas que Orestes Quércia construiu sua carreira política. Formou-se em direito, jornalismo e istração de empresas. Filho de um pedreiro e de uma lavadeira, filiou-se ao partido de oposição ao regime militar, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Foi empossado como deputado estadual por São Paulo, no início de 1967, assumindo a vice-liderança do partido na Assembleia Legislativa do estado. Em 1968, Quércia foi eleito prefeito de Campinas. Depois tornou-se senador, vice-governador e governador de São Paulo. Participou do movimento das Diretas Já. Faleceu em 2010.
Rubem Alves
Rubem Alves foi educador, teólogo, escritor, filósofo, psicanalista e pastor presbiteriano. Tornou-se um dos grandes nomes da educação brasileira nos anos 2000. Era um crítico da escola tradicional e defendia uma educação que levasse o estudante a pensar. Nascido em Boa Esperança (MG) em 1933, veio morar em Campinas em 1953. Em 1974, tornou-se professor do Instituto de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas. Escreveu mais de 120 títulos, de assuntos variados. Faleceu em Campinas em julho de 2014.
Sandy
A cantora e compositora Sandy Leah Lima nasceu em Campinas em 28 de janeiro de 1983. É a primeira filha da empresária e produtora Noely Pereira de Lima e do cantor Xororó. Ao lado do irmão Junior, ganhou notoriedade após uma apresentação no programa Som Brasil, em 1989, que rendeu um contrato com a PolyGram. Depois dos irmãos alcançarem o sucesso como cantores mirins, atingiram o auge comercial de sua carreira na adolescência e se estabeleceram como recordistas em vendas de álbuns no Brasil. A dupla se desfez em 2007. Sandy lançou seu primeiro CD solo, chamado Manuscrito, em 2010. Também trabalhou como atriz em diversas produções.
Santos Dumont
O voo do brasileiro Alberto Santos Dumont, em uma distância de 60 metros com o 14-Bis, no Campo de Bagatelle, em Paris, marcou historicamente aquele 23 de outubro de 1906 e consagrou ainda mais o inventor. E parte dessa genialidade ou por Campinas, quando nos idos dos anos de 1880 ele estudou no Colégio Culto à Ciência, que acabara de ser fundado. O Culto à Ciência nasceu sob os ideais do positivismo e isso atraiu a família do pequeno Alberto. Dos dez aos 12 anos, aproximadamente, morou em Campinas e estudou no Culto à Ciência, tornando ainda mais famosa a escola, que até hoje é lembrada por grandes nomes da arte, literatura e outros segmentos sociais que aram por seus bancos.
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