Dia 29 de julho vivi uma nova experiência, e aqui questiono: qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? Estava no marco zero da grande capital São Paulo, nos reunimos na Sé por volta das 20h para iniciar as ações do Mãos na Massa, “uma associação dedicada a ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social”. E na ação dessa data, distribuímos macarrão, bolacha, café, água e ração para pets aos moradores de rua.
Desta vez, infelizmente, foi em uma dinâmica diferente da que acontecia anteriormente, pois o PL 0445/2023, o qual prevê multa de 17 mil a quem doar comida a moradores de rua, entrou em debate novamente por esses tempos e isto acabou dificultando o trabalho de algumas ONG’s.
Sendo assim, tivemos que agir como “delivery”, ou seja, ao invés de ficarmos parados em um ponto e as pessoas virem até nós, fizemos ao contrário: nos dividimos em grupos, cada um com uma rota, parávamos rapidamente perto das pessoas para distribuir os mantimentos e seguimos a rota planejada.
Compartilho aqui a fala de Thiago Branco, fundador da ONG Mãos na Massa, e Christian Francis Braga, fundador do Instituto GAS deram ao portal G1 em relação ao projeto de lei: “A proposta encabeçada pelo vereador Rubinho Nunes [União] novamente mostra um profundo desconhecimento dele em relação à realidade da população vulnerável na cidade. Centenas de entidades fazem o trabalho que a prefeitura deveria fazer, mantendo essas pessoas vivas, alimentadas e protegidas do frio. São grupos de voluntários. Muitas dessas ONGs são formalizadas, mas muitas não são, justamente por se tratar de projetos formados por cidadãos que resolveram fazer o que o Estado falha em fazer“.
Agora que vocês entenderam melhor como tudo está funcionando, gostaria de deixar aqui o meu relato de como foi vivenciar essa noite: eu fiquei responsável pela entrega da ração de pets, pois os moradores de rua têm um número considerável de animaizinhos e temos que cuidar deles também.
Nos momentos de entrega, percebi que muitos queriam conversar, sabe? Queriam um abraço e demonstravam gratidão.
Outros estavam mais na deles, alguns um pouco revoltados, mas o que eu entendi foi que você pode ser médico, professor, terapeuta ocupacional ou porteiro. Mas ao fazer uma ação com pessoas em vulnerabilidade social, seja apenas outra pessoa, esqueça os diplomas, os mil idiomas que você domina, as empresas multinacionais que trabalhou. Ali é o momento de você ser você, ninguém pergunta sua formação, às vezes, só esperam da sua pessoa uma conversa sobre como foi quando conheceu o seu pet, sobre como está frio naquela noite ou sobre como ele correu tanto para alcançar o pessoal que estava distribuindo o macarrão.
Foi um momento de perceber que um sempre precisa do outro. Esteja aberto, porque aquela noite me ajudou tanto a perceber que não somos nada, somos apenas almas humanas que se apoiam.
Por fim, caso você queira participar dessa ação, ela ocorre às segundas-feiras no período noturno e as inscrições devem ser realizadas aos sábados pelo site sympla. Acompanhe no Instagram para não perder nada: @maosnamassa_sp. Fique também com meu Instagram: @liviacampossilva
Lívia Campos Silva, 19 anos, é de Campinas, mas após conquistar uma vaga em Terapia Ocupacional em uma universidade pública, se mudou para Marília, interior de São Paulo. A jovem participou da Academia Educar presencialmente em Campinas e acredita que, para mudar o mundo, é preciso exercer o respeito ao próximo.