Nosso Poder, Nosso Planeta. Este é o tema do Dia da Mãe Terra de 2025. Há 55 anos a data é celebrada no dia 22 de abril e se tornou importante momento de reflexão sobre o futuro do planeta e, claro, da humanidade. No atual cenário de aceleração da emergência climática global, e também de outras crises gigantescas simultâneas, como a da extinção da biodiversidade e redução dramática do o a água potável em várias partes do mundo, a data merecerá muito maior atenção da imprensa, da opinião pública e sociedade em geral.
Um apelo especial no Dia da Mãe Terra em 2025 será feito no sentido de intensificação do uso de energias renováveis, como um dos principais ingredientes do combate às mudanças climáticas. “A energia renovável vem de fontes renováveis, como o sol, que não produzem gases de efeito estufa e, portanto, não impulsionam as mudanças climáticas. É uma energia que acaba com nossa dependência de combustíveis fósseis e dos danos que causam ao meio ambiente e à saúde humana”, afirma comunicado de EARTHDAY.ORG, a organizadora global do Dia da Mãe Terra.
“Durante anos, fomos alimentados com a mentira de que apenas os combustíveis fósseis podem abastecer o planeta, o que não é verdade”, disse Denis Hayes, organizador do primeiro Dia da Terra e Presidente Emérito do Conselho da EARTHDAY.ORG (EDO). “Na década de 2030, a maior fonte de geração de eletricidade do planeta será a energia solar”, acrescentou.
Quarenta e nove nações já geram mais da metade de sua eletricidade a partir de recursos solares, eólicos, hídricos e geotérmicos, incluindo Canadá, Suíça, Áustria, Nova Zelândia, Brasil, Noruega, Suécia e Dinamarca. A Islândia obtém 99,99% de sua eletricidade de fontes renováveis. Até 2035, as necessidades energéticas de países como os EUA podem ser atendidas por fontes renováveis, 365 dias por ano, por isso estamos pedindo que a geração de energia renovável, globalmente, seja triplicada até 2030.
“Precisamos do poder das pessoas para apoiar a grande mudança para as energias renováveis”, disse Kathleen Rogers, Presidente da EDO. “Incentivamos todos a conversar com seus prefeitos, chefes, vizinhos, líderes comunitários e legisladores locais e nacionais, para explorar e apoiar a transição para as renováveis.” O poder da base sempre impulsionou mudanças positivas — desde o movimento pelos direitos civis até avanços na igualdade de gênero e direitos dos povos indígenas. Os 20 milhões de pessoas que marcharam no Dia da Terra em 1970 deram início ao movimento ambiental moderno, levando a um ar, água e proteção da vida selvagem mais limpos, afirma o comunicado da EDO.
Em 2024, a campanha da EARTHDAY.ORG para reduzir a produção global de plástico ajudou a ganhar o apoio do governo dos EUA. Não será mais o caso em 2025, em que o governo de Donald Trump tem desmantelado a estrutura de proteção ambiental e de combate às mudanças climáticas que tinha sido estruturada nos governos democratas anteriores, como os de Barack Obama e Joe Biden.
Outro motivo para o incentivo às energias renováveis é a sua maior inclinação, em comparação com os combustíveis fósseis, para atenuar os altos índices de pobreza em várias partes do planeta. EDO lembra que 8 bilhões de pessoas não atingem o Mínimo de Energia Moderna (MEM), o que significa que o uso de eletricidade per capita é inferior a 1.000 kilowatt-hora (kWh), que é o limite para a mitigação da pobreza. “A energia renovável pode transformar essa situação, melhorando os padrões de vida e aprimorando os resultados de saúde. Por exemplo, a redução das emissões de gases de efeito estufa diminui os riscos à saúde associados às mudanças climáticas, como ondas de calor, inundações e a disseminação de doenças infecciosas. A redução da poluição do ar diminui as doenças respiratórias e cardiovasculares, incluindo asma e derrames”, assinala o comunicado sobre o Dia da Mãe Terra de 2025.
A energia renovável não é, então, apenas mais limpa e saudável — representa uma enorme oportunidade econômica e criará 14 milhões de novos empregos globalmente. Em 2023, a energia renovável, em todo o mundo, valia US$ 1,21 trilhão e projeta-se que cresça 17,2% anualmente de 2024 a 2030.
“Isso representa uma oportunidade enorme para empreendedores, indústrias e aqueles que buscam carreiras bem remuneradas”, disse Tom Cosgrove, Diretor de Criação e Conteúdo da EDO. “Reconhecemos que nosso entusiasmo pela energia limpa enfrenta desafios de campanhas de desinformação bem financiadas — mas ao defender a energia renovável em 2025, podemos enfrentar esse desafio de frente.”
De fato, a desinformação e o negacionismo científico se tornaram desafios adicionais, e nada desprezíveis, no contexto do combate às mudanças climáticas. Em 2024, o Dia da Mãe Terra foi dedicado justamente à necessidade de enfrentamento da desinformação e das fake news relacionadas às mudanças do clima.
O combate à desinformação, às fake news e ao negacionismo científico, no âmbito de questões ambientais urgentes, também a por um aprimoramento da divulgação dessa temática pelos meios de comunicação. A mídia pode ser agente transformadora, mas também pode ter o poder de contribuir para a desinformação. Os cidadãos em geral podem contribuir muito, ao escolher fontes de fato confiáveis de informação e verificar a origem das notícias, antes de eventualmente compartilhá-las em suas redes. A luta é coletiva!
José Pedro Martins é jornalista, escritor e consultor de comunicação. Com premiações nacionais e internacionais, é um dos profissionais especializados em meio ambiente mais prestigiados do País. E-mail: [email protected]