Recentemente eu participava de uma palestra (sempre que me é possível gosto de ouvir o que outras pessoas têm a dizer sobre assuntos diversos), e em dado momento da explanação o palestrante usou uma metáfora que já havia ouvido há muitos anos, porém já havia me esquecido.
Era a seguinte: “Um homem tinha um cachorro que nasceu com um rabo desproporcional, muito grande, o rabo tinha cerca de trinta centímetros, então o homem querendo que o seu cão tivesse uma aparência mais bonita decidiu cortar o bendito rabo, mas o fez da seguinte maneira, decidiu cortar um pedacinho de três centímetros por dia, por dez dias, ‘Assim de pedacinho em pedacinho o cãozinho irá sentir menos dor do que se eu o cortasse de uma vez só! ’ pensava ele”.
Bem sabemos que isso não a de ingenuidade, mas a provocação que podemos fazer a partir dessa metáfora é justamente o tema da nossa reflexão de hoje: sobre a decisão, e mais, o quão comprometidos estamos em ser radicais na decisão, sem ‘parcelarmos’ a responsabilidade que só a nós compete.
Quando tinha meus quinze anos eu cursei Senai, usinagem, lá me recordo de ter uma aula sobre o “Ensaio de Cisalhamento”. Tal ensaio diz respeito ao corte dos metais de acordo com a temperatura e a finalidade dos mesmos, ou seja, tudo dependia do objetivo do mecânico com aquele metal.
Trouxe esse fato verídico para que você guarde com carinho duas palavras que citei anteriormente: Corte e Objetivo. Pois bem, Decisão significa corte, rompimento, separação, escolha, opção, abrir mão… Quando você decide entre beber suco ao invés de refrigerante você optou por uma alternativa, quando você decide tirar umas férias por merecimento ao invés de continuar trabalhando em excesso também fez uma escolha. Quando você rompe com uma rotina de vida sedentária e decide iniciar uma atividade física você abriu mão de N possibilidades prazerosas…
A decisão está constantemente presente em nossas vidas, ela pressupõe que você tenha uma meta, um objetivo, caso contrário você inclusive abre mão do privilégio de decidir, e delega isso a qualquer pessoa, para que eles decidam por você afinal, tanto faz…
Na vida ou você tem uma estratégia, ou faz parte de uma! Ter a estratégia também pressupõe assumir a responsabilidade, e quase sempre nossas decisões são solitárias, mesmo rodeados de pessoas queridas, é como se o fardo maior estivesse destinado a se apoiar sob o nosso ombro apenas. Não à toa o filósofo francês Sartre diz que Responsabilidade e Liberdade geram angústias. Segundo ele “A gênese (origem) das angústias são as possibilidades”.
Outro pensador que corrobora com essa linha de pensamento é o empresário Henry Ford, segundo ele: “Pensar é o trabalho mais pesado que há, talvez seja por essa razão que tão poucos se dediquem a isso.”
Aristóteles, filósofo grego trabalha com o conceito de virtude e nos dá o exemplo de um arqueiro, o bom arqueiro virtuoso é aquele que além de mirar bem ele age, dispara a flecha, não basta focar, é necessário agir, caso contrário não seria um bom arqueiro, mas apenas um bom ‘mirador’.
Pense que a dor da decisão será menor do que a dor de continuar colhendo os mesmos resultados de anteriormente. Mudar dói, continuar como está pode doer ainda mais, a decisão é sua, é solitária. Lembre-se da metáfora do rabo do cãozinho: ao decidir se entregue de cabeça, não dê espaço para que a preguiça ou pensamentos negativos lhe assombrem.
A PNL (Programação Neurolinguística) tem uma técnica muito legal que envolve linguagem, imaginação e subconsciente: separe um minuto do seu dia para fechar seus olhos e visualizar uma tela de cinema, nessa tela você se assiste na sua melhor versão colhendo os resultados que tanto deseja, sinta-se lá, ouça os sons, ouça o que você falaria a si, veja as cores daquela cena…
Esse é um exercício diário muito interessante que lhe servirá como um empurrãozinho na hora de tomar sua decisão. Analise, pense, planeje, sem pressa, mas na hora de decidir o faça sem olhar para trás.
Tal como diria Nietzsche, filósofo alemão: “Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir”. Um forte abraço.
Thiago Pontes é Filósofo e Neurolinguísta (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial