Avenida Aquidabã, 130, bairro Bosque, região central. No endereço, entre os hotéis Monreale e Ibis, a uma quadra do hotel Mercure, a estrutura de concreto é imponente e se apresenta na condição de referência na paisagem urbana da metrópole de 250 anos. Trata-se do Sirius Patriani, que, mesmo ainda em construção, já entra para a história da cidade.
Nenhum prédio em Campinas alcança seus 122 metros de altura.
O novo gigante campineiro começou a ser erguido em abril de 2021 e a previsão é de que o edifício esteja pronto em maio de 2025. O empreendimento de R$ 95 milhões, voltado para a linha residencial, contará com 43 pavimentos e 368 apartamentos de 45m².
“A ideia de construir o prédio mais alto de Campinas é um projeto que vem sendo amadurecido há algum tempo”, diz Bruno Patriani, presidente da construtora. “Surgiu da nossa vontade de criar um marco arquitetônico que refletisse o crescimento e a inovação tecnológica à altura da cidade. Campinas sempre foi um polo de desenvolvimento, e queríamos contribuir de maneira significativa para esse cenário.”

Um dos pontos altos do Sirius Patriani será o sky view no 41º andar, que terá uma das melhores vistas panorâmicas de Campinas, em um ambiente todo envidraçado. Um olhar atento a partir do local será possível identificar os gigantes que o Sirius deixa para trás.
Hoje, o protagonismo do cenário urbano de Campinas entre os projetos arquitetônicos já consolidados pertence ao Le Rêve, com seus 115 metros de altura no coração do Cambuí.

Localizado em um espaço mais centralizado, o tradicional Edifício Mirante, de 90 metros, se destaca como ponto de referência histórico na altura de seus 48 anos de existência.

Mas no meio da selva de pedras que se transformou a área central de Campinas talvez seja difícil localizar da vista panorâmica do Sirius o Edifício Sant’Anna, ponto de partida do processo de verticalização da metrópole.
Inaugurado em 1936, em uma das principais ruas de comércio da cidade, na esquina da Barão de Jaguara com César Bierrenbach, a construção de apenas seis pavimentos foi reverenciada na época, publicamente, com o título de primeiro “arranha-céu” de Campinas.
Perseu Leite de Barros e Lix da Cunha estiveram entre os engenheiros responsáveis pela obra, que simbolizava o processo de modernização do espaço urbano e a consolidação de uma nova imagem da cidade, desvinculada da tradição agrária.
Desde 2011, o Edifício Sant’Anna é tombado pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Arquitetônico e Cultural de Campinas).

Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, Gabriela Caffarena Celani, vê hoje a área central de Campinas como um forte núcleo caracterizado pela verticalização. Porém, em uma avaliação mais abrangente da cidade, ela nota uma condição “espraiada” em pontos diversos e um preconceito em relação a moradias verticais.
“Os próprios alunos com os quais converso dizem achar estranho as pessoas terem que morar uma em cima das outras”, comenta.
Para a professora, a substituição das casas pelos prédios é uma ação necessária dentro do conceito moderno de habitação. “Permite uma racionalidade maior da estrutura urbana e é viável levando em conta a sustentabilidade do meio ambiente.”